A história de uma travesti que alterna o seu tempo cuidando de uma criança durante o dia e tentando ganhar dinheiro pelas ruas à noite é o ponto de partida de Entrega para Jezebel.

espetáculo narra a vida de Jezebel, uma travesti que tem como maior desejo ser mãe, mas que vive a sombra da transfobia
O espetáculo narra a vida de Jezebel, uma travesti que tem como maior desejo ser mãe, mas que vive a sombra da transfobia. Foto: divulgação

Montagem do Teatro do Indivíduo, a peça segue em cartaz até 26 de junho, de segunda a quarta-feira, às 20 horas, na Oficina Cultural Oswald de Andrade com entrada franca. Escrita pelo autor piauiense Roberto Muniz Dias, a peça tem direção de Rodolfo Lima e conta com Valéria Barcellos, Bibi Santos e Clodd Dias, todas atrizes negras e transexuais. Daniel Sapiência completa o elenco.

Contemplado pelo PROAC LGBT, o espetáculo narra a vida de Jezebel, uma travesti que tem como maior desejo ser mãe, mas que vive a sombra da transfobia. A maternidade é o ponto nevrálgico da peça, já que ela cuida do filho de uma amiga, que retorna um tempo depois querendo reaver a guarda, fazendo com que o mundo de Jezebel desmorone.

Para o diretor Rodolfo Lima, a montagem propõe um diálogo intimista e poético entre o público e as artistas selecionadas para o trabalho sobre o universo de mulheres transexuais.

“Jezebel sonha em viver dentro do arquétipo do gênero feminino, que condiciona a mulher a uma casa, um marido, filhos e quem sabe virar uma artista famosa. Porém a travestilidade e a falta de oportunidade são empecilhos para a concretização de seus sonhos. O que está guardado para Jezebel diante da violência que sofre diariamente? Jezebel canta nas horas vagas, mas quem ouve o que ela tem a dizer? Travesti pode ser mãe? Pode ser artista?”, indaga ele.

O espetáculo narra a vida de Jezebel, uma travesti que tem como maior desejo ser mãe, mas que vive a sombra da transfobia. Foto: divulgação
O espetáculo narra a vida de Jezebel, uma travesti que tem como maior desejo ser mãe, mas que vive a sombra da transfobia. Foto: divulgação

Transfake

Alçado à mídia em 2017 pelo Movimento Nacional de Artistas Trans (MONART), capitaneado pela atriz Renata Carvalho, o termo transfake (referência aos atores cisgêneros que interpretam personagens transexuais) foi o mote para que o autor Roberto Muniz Dias desenvolvesse a dramaturgia de Entrega para Jezebel.

“O texto traz uma mensagem sobre a transfobia muito forte, mas com a presença e convívio com as atrizes percebi que a peça não podia ter só um recorte, pois havia mais coisas a serem abordadas. A questão racial foi acrescentada a questão trans, bem como a necessidade de representatividade dessas atrizes no meio artístico, inclusive interpretando personagens que se adequam ao seu gênero e não necessariamente falando sobre as questões de um corpo trans e/ou sua sexualidade”, diz Rodolfo, explicando ainda que Valéria faz a travesti Jezebel, mas que Clodd faz Joana, a mãe da criança.

SERVIÇO

ENTREGA PARA JEZEBEL
De segunda a quarta-feira (até 26 de junho)
Horário: 20h

OFICINA CULTURAL OSWALD DE ANDRADE
Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro – São Paulo, SP
Telefone – (11) 3222-2662. Capacidade – 30 lugares
Duração – 70 minutos.
Recomendado para maiores de 14 anos.
GRÁTIS – retirada de ingressos com uma hora de antecedência.

PS: Especialmente nos dias 11 e 25 de junho, um debate será realizado logo após a apresentação do espetáculo.

No dia 20 de junho, quinta-feira, às 18h30, a apresentação acontece no Teatro Sérgio Cardoso dentro da programação Parada no Sérgio, em parceria com o Museu da Diversidade. O Festival de Teatro de AraçatubaFestara 2019 recebe a peça no dia 21 de junho, sexta-feira, às 22h e o MoDive-se, de Campinas, no dia 6 de julho, sábado, às 20h.

Créditos

Texto – Roberto Muniz Dias. Direção – Rodolfo Lima. Elenco – Bibi Santos, Clodd Dias, Daniel Sapiência e Valéria Barcellos. Cenografia – Jeff Celophane e Rodolfo Lima. Design Gráfico – Betinho Neto. Fotos – Luciana Zacarias. Figurinos – Jeff Celophane e Karla Pêssoa. Cenotécnico – Renato Ribeiro. Assistente de produção – Lucimara Amorim. Operação de luz – Hugo Nacari. Contraregragem e Operação de som – Bibi Santos. Mediação Pedagógica – Magô Tonhon. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta.

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