A campanha Abril Azul, voltada à conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), ganha destaque em Itapetininga com ações que visam ampliar o entendimento da população sobre o tema, combater estigmas e promover a inclusão de pessoas autistas em espaços sociais, educacionais e profissionais.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 2 milhões de pessoas vivem com autismo no Brasil. O Censo Demográfico de 2022 incluiu, pela primeira vez, uma pergunta específica sobre o TEA no questionário de amostra. A divulgação oficial dos dados está prevista para o final de 2025.
O professor e psiquiatra Loran Robillard de Marigny, docente das disciplinas de habilidades médicas, conferência dialogada e tutoria da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), unidade Itapetininga, afirma que o diagnóstico é clínico e baseado na observação de comportamentos específicos. “Os principais critérios para suspeita do transtorno incluem a dificuldade em comunicação e interação social, além da presença de padrões repetitivos de comportamento. Para confirmação, pode ser necessário um teste neuropsicológico detalhado”, explicou.

Nos últimos anos, aumentou a procura por diagnóstico de TEA por parte de adultos, o que reflete uma maior visibilidade do transtorno. “Em adultos, o TEA pode se manifestar pela necessidade rígida de rotina, comportamentos repetitivos e dificuldades na interação social, como evitar contato visual e apresentar dificuldades em conversas. Ademais, algumas pessoas autistas podem ter restrições alimentares relacionadas à textura dos alimentos”, destacou o professor.
Entre crianças, os sinais podem surgir de forma precoce, como atrasos no desenvolvimento, dificuldades de interação e comportamentos específicos. “Embora o TEA não tenha cura, o acompanhamento especializado pode proporcionar uma vida saudável e confortável. Sensibilidades sensoriais, como a intolerância a ruídos altos, também são comuns e podem exigir adaptações no ambiente para facilitar a inclusão das crianças”, acrescentou.
A mobilização do Abril Azul está alinhada ao Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado em 2 de abril desde 2007, por iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, mudanças importantes ocorrerão com a adoção da 11ª edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), prevista para entrar em vigor em 2027. Essa nova versão, que segue os critérios do DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), reunirá os subtipos do espectro sob um único código, buscando padronizar o diagnóstico e facilitar o acesso aos serviços de saúde.