Dr. Luís Ignácio Prochnow, Diretor do IPNI Brasil

O Brasil é o quinto maior país do planeta, com 8,5 milhões de hectares de extensão territorial, o que corresponde a 47% da América do Sul. Nas últimas décadas, o Brasil emergiu como uma das principais potências agrícolas do mundo e o setor é um dos principais impulsionadores econômicos do país.

Dentre as 100 maiores empresas brasileiras, 17 são cooperativas do agronegócio. Nos últimos 30 anos, houve um aumento médio anual de 1,3% na área cultivada, 3,7% na produção agrícola e 2,4% na produtividade das culturas. Atualmente, o Brasil é o primeiro produtor e exportador mundial de suco de laranja, açúcar, café, carne e celulose e o terceiro maior produtor e exportador de produtos agrícolas do mundo, movimentando um montante de US$ 80 bilhões anualmente.

Com baixos subsídios à produção, comparado a outros países, o setor agrícola brasileiro, cada vez mais eficiente, gerou benefícios sociais, notadamente na redução do preço dos alimentos básicos, em 45%, nos últimos 30 anos. O manejo eficiente de nutrientes, a agricultura de precisão e a tecnologia de manejo localizado promoveram também benefícios ambientais, poupando 145 milhões de hectares de florestas por intermédio da intensificação sustentável da produtividade em terras já cultivadas.

O Brasil é o maior produtor mundial de suco de laranja.
“Durante décadas, o Brasil foi considerado, em muitos aspectos, o país do futuro. Apesar de alguns desafios, é preciso reconhecer que isso se tornou realidade em relação ao agronegócio. O país serviu como um dos principais líderes da Revolução Verde, transformando milhares de hectares de terras não utilizadas em solos muito produtivos”, explica David Roquetti Filho, Diretor Executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA).

Embora já seja considerado como uma das regiões mais importantes do agronegócio, existem condições para aumentar ainda mais a produção de forma sustentável. O país possui terra, clima, água disponível, mão de obra e pesquisa, ou seja, todos os fatores necessários para aumentar a área de produção e a produtividade das culturas. Projeções sugerem que a área cultivada pode ser aumentada em 15% até 2025, atingindo um total de cerca de 83 milhões de hectares, com as culturas de soja, milho e cana-de-açúcar, com aumentos de produção da ordem de 60%, 80% e 80%, respectivamente. Previsões da FAO indicam que o Brasil pode ser responsável por até 40% de aumento no comércio de agronegócios nos próximos anos.

Para atender a essas expectativas, é necessário prestar muita atenção a alguns desafios importantes, incluindo: melhorar a logística para distribuição dos insumos e transporte de commodities para os mercados nacional e internacional; prosseguir no desenvolvimento de tecnologia adequada, especialmente insumos mais eficientes e novas variedades de culturas para superar problemas como fertilidade e doença do solo, e estar preparado para superar possíveis restrições no comércio exterior.

Em relação às restrições no comércio exterior, os consumidores devem exigir a produção sustentável em todos os setores, com a de alimentos que, sem dúvida, é uma área-chave a ser focada. “Para garantir altos rendimentos e segurança alimentar, o país precisa ajustar os principais recursos necessários, relacionados à capacidade humana, tecnologia, capital disponível e insumos adequados, para alcançar a produção sustentável”, explicou Francisco Cunha, Agrônomo da Tec-fertil e um dos principais consultores agrícolas do Brasil.

café

O Brasil produz cerca de um terço de todo o café consumido em todo o mundo.
Com a baixa fertilidade dos solos no Brasil, é necessário utilizar adequadamente os nutrientes para alcançar rendimentos sustentáveis. Atualmente, o nitrogênio, o fósforo e o potássio são utilizados extensivamente, bem como o calcário, para corrigir o pH do solo. Nos últimos 40 anos, o consumo de fertilizantes no país aumentou cinco vezes; atualmente, são consumidos cerca de 35 milhões de toneladas, e este é o mercado de crescimento mais rápido do mundo.

Cerca de três quartos dos fertilizantes consumidos no país são utilizados no cultivo das três principais culturas: soja, milho e cana-de-açúcar. Espera-se que o uso de fertilizantes aumente em 20% até 2025, com crescimento mais significativo nas regiões Centro-Oeste e Nordeste. A soja, sozinha, exigirá 2,5 milhões de toneladas de fertilizantes adicionais.

Há, no entanto, alguns desafios a serem superados para satisfazer efetivamente a demanda de fertilizantes e assegurar o seu uso eficiente, incluindo a criação de melhores misturas de fertilizantes, a realização de mais pesquisas sobre a nutrição correta das culturas e as variações regionais, e a educação dos agricultores quanto aos princípios do manejo de nutrientes 4C (uso da fonte certa de fertilizantes, na dose, local e época corretas), para maximizar a eficiência agronômica e os retornos econômicos sem prejudicar o meio ambiente.

Sem dúvida, o acesso aos nutrientes tem sido vital para a história do sucesso agrícola do Brasil. “Os fertilizantes têm desempenhado um papel decisivo, e o seu uso tem estreita relação com a produção de grãos”, explica Dr. Heitor Cantarella, Diretor do Centro de Solos e Recursos Ambientais do Instituto Agronômico de Campinas, um dos principais pesquisadores brasileiros da área de Nutrição Vegetal e ganhador do Prêmio IFA Norman Borlaug 2017.

Produção de grãos e consumo de fertilizantes no Brasil no período de 1981 a 2016.

Dr. Cantarella também enfatiza a crescente sustentabilidade do setor. “O Plantio Direto é a prática dominante no campo e, atualmente, mais de 50% da área brasileira é coberta por florestas ou constituída por outros tipos de terras protegidas. O desenvolvimento tecnológico, as melhores práticas de manejo e o respeito ao meio ambiente devem ser a força motriz da expansão da produção de alimentos no Brasil”.

O Instituto Internacional de Nutrição de Plantas (IPNI) dedica-se a apoiar a agricultura brasileira. Com o impressionante crescimento apresentado nos últimos 30 anos, estamos confiantes de que a produção agrícola do país continuará a crescer de forma sustentável e responsável, apoiada pela indústria de fertilizantes.

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