No Brasil, muitos casamentos terminam em divórcio nos primeiros dez anos, de acordo com estatísticas recentes. Homens costumam se separar, em média, aos 43 anos, enquanto as mulheres enfrentam o divórcio aos 40. Segundo o advogado Luiz Fernando Gevaerd, especialista em Direito da Família com mais de 40 anos de experiência, os principais fatores que levam à separação são os desajustes sexuais e as crises financeiras.

Luiz Fernando Gevaerd
Luiz Fernando Gevaerd (Foto: divulgação)

Desafios sexuais no casamento e individualidade

Gevaerd destaca que o sexo insatisfatório é uma das causas mais comuns para o fim dos relacionamentos. Ele explica que, mesmo em casamentos turbulentos, o prazer sexual pode atuar como uma espécie de alicerce que mantém a relação.

Curiosamente, ele aponta que a traição nem sempre é determinante para o divórcio, já que muitos casais preferem preservar o casamento apesar de episódios de infidelidade. “E ainda que possa parecer estranho, a traição não é um motivo preponderante para o término dos casamentos. É bastante comum as pessoas traídas perdoarem, relevando esse fato, porque para essas pessoas o casamento é mais importante que um incidente”, diz Gevaerd.

O advogado ressalta que os casais, atualmente, valorizam mais sua individualidade. “Já fiz milhares de separações e, se antes, 80% delas tinham como causa desajustes sexuais, mais recentemente a liberação dos costumes reduziu as ‘surpresas’ nesse campo, mas ampliaram-se os desentendimentos em defesa da individualidade”, afirma Gevaerd.

Falta de s3x0 e questões financeiras lideram motivos de divórcio no Brasil
Falta de s3x0 e questões financeiras lideram motivos de divórcio no Brasil (Imagem: Olá Itapetininga)

Crises financeiras como causa recorrente

As dificuldades financeiras são o segundo motivo mais comum para o divórcio. Crises econômicas forçam os casais a reverem seus objetivos e sonhos, gerando frustrações que podem levar a conflitos constantes. Segundo Gevaerd, a insatisfação gerada pela falta de recursos impacta diretamente o bem-estar emocional e a harmonia no relacionamento.

Ele também acredita que homens e mulheres têm cada vez menos disposição para reprimir seus sonhos e características pessoais em prol do casamento. “Quando vivem dificuldades financeiras, as pessoas precisam mudar seus objetivos e acabam renunciando a muitos de seus sonhos, que vinham sendo em grande parte cultivados desde a infância. Por não conseguir realizá-los, a pessoa se frustra e vive insatisfeita, muitas vezes sem saber o motivo real de seu permanente mau humor”, avalia.

Além de crises econômicas externas, a maneira como cada parceiro lida com dinheiro também pode provocar separações. A tensão surge tanto em casos de controle excessivo das despesas quanto em situações de gastos desmedidos que comprometem a estabilidade financeira do casal.

Isso pode ocorrer, por exemplo, quando um dos dois é excessivamente controlado nos custos, evitando todo gasto que considere supérfluo e, assim, privando-se de alguns prazeres que poderiam realimentar o próprio relacionamento. E também pode acontecer pelo motivo contrário, quando um dos dois (ou o casal) faz gastos excessivos e está sempre em descontrole financeiro”, finaliza.

Comente