Você sabia que um cigarro apagado contém 5.365 substâncias tóxicas e que após aceso esse número sobe para 8.680? Que além dos diversos males causados à saúde, comprometendo a longevidade e a qualidade de vida das pessoas, o cigarro pode contaminar também o meio ambiente?
Este foi o alerta feito pelo diretor da Poiato Recicla, Marcos Poiato, durante evento promovido pelo Núcleo de Segurança e Medicina do Trabalho do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Diretoria Regional de Sorocaba, no dia 26 de fevereiro.
De acordo com Poiato, a falta de conscientização sobre o correto descarte dos resíduos sólidos é uma questão ambiental que causa outros problemas sociais e econômicos. “Dois exemplos claros disso são as tragédias que aconteceram em Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais. O descarte incorreto de rejeitos causou o rompimento das barragens e o resultado disso é o impacto na vida de milhares de pessoas, pois a contaminação causada pela lama afetou diversas comunidades ribeirinhas que dependiam da pesca para sobreviver, matou animais e plantas. Além disso, o prejuízo financeiro em valor de mercado e de imagem das empresas é de bilhões de reais”, elucidou.
O palestrante advertiu para a contaminação do meio ambiente causada pelo descarte incorreto das bitucas de cigarro. “98% destes materiais são descartados no chão e levam 15 anos para degradar, contaminando a terra e os lençóis freáticos. Além disso, duas bitucas em dez litros de água equivalem a dez litros de esgoto, causando a mortandade de animais aquáticos. Em períodos de estiagem cerca de 67% das queimadas são provocadas pelo contato das bitucas com a vegetação, provocando danos ambientais e comprometendo a segurança da sociedade como um todo”, destacou.
O problema do tabagismo
Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, 12,6% de todas as mortes que ocorrem no País podem ser atribuídas ao tabagismo. “Os impactos do tabagismo na saúde afetam diretamente a qualidade e a expectativa de vida das pessoas. O tabagismo causa dez vezes mais câncer, cinco vezes mais bronquite e infarto e duplica as chances de uma pessoa ter um Acidente Vascular Cerebral (AVC). No mundo, o cigarro é responsável por 7 milhões de mortes anuais e mais de 280 mil no Brasil”, ilustrou o especialista.
Poiato ressaltou ainda que um número cada vez maior de pessoas começa a fumar ainda na adolescência. “O tabagismo é uma doença pediátrica, uma vez que 90% dos fumantes começam a fumar antes dos 18 anos. Isso causa prejuízos econômicos por gastos em saúde e perda de produtividade da ordem de 1,43 trilhão de dólares no mundo e 56,9 bilhões de reais no Brasil”, observou.
Conscientização e reciclagem
O tabaco é sem dúvida o grande mal do mundo moderno, mas a maneira mais eficaz de combater é por meio da conscientização. “Se as pessoas não conseguem parar de fumar, pelo menos é importante que ela faça o correto descarte das bitucas”, disse.
Segundo o palestrante, a Poiato Recicla faz a instalação de caixas coletores em locais públicos e privados e retira os resíduos periodicamente. Além disso, possui um processo pioneiro e inovador de descontaminação do material e transformação em massa celulósica. Essa massa é transformada em papel artesanal que é usado em ações educativas de sustentabilidade, saúde e arte.
Para o coordenador do Núcleo de Segurança e Medicina do Trabalho, Ruy Jaegger, a lei antifumo instituída no Estado de São Paulo, em 2009, contribuiu para reduzir o número de fumantes passivos, mas agravou o problema das bitucas de cigarro, uma vez que muitos estabelecimentos não disponibilizam coletores apropriados.
“O cigarro pode causar muitas doenças e é nossa responsabilidade levar este tipo de alerta para nossas empresas, pois além de ajudar ao meio ambiente fazendo o descarte responsável das bitucas de cigarro, as campanhas educativas são fundamentais para conscientizar os colaboradores e promover a qualidade de vida”, destacou Jaegger.
Sobre Marcos Poiato
Graduado em Marketing, Poiato atuou no setor bancário por 13 anos, após direcionou sua carreira para a Indústria farmacêutica onde desenvolveu expertise inicialmente em treinamentos para força de vendas e depois no desenvolvimento e elaboração de campanhas sócio-educativas nas áreas de saúde, principalmente as de interação do cigarro com remédios.
Em 2010 abandonou sua carreira de alto executivo de marketing e vendas para investir em sua empresa, a Poiato Recicla, que hoje é referência para processamento de resíduos de cigarros no país, utilizando tecnologia 100% nacional e patenteada.
O empresário se especializou em Marketing Social e ambiental e possui amplo conhecimento nos impactos negativos do cigarro. Atua também como Diretor de Sustentabilidade da APRH (Associação dos Profissionais de Recursos Humanos de Sorocaba e Região), Membro do CPNMCBio – Conselho do Parque Natural Municipal Corredores de Biodiversidade (Sorocaba SP), Representando o CIESP Sorocaba e como Presidente da CDL – Câmara de Dirigentes Lojistas de Votorantim.