Tristeza profunda, angústia, falta de energia e perda de interesse em atividades cotidianas são os principais sintomas da depressão. Quando essas alterações de humor são persistentes, a qualidade de vida e a capacidade produtiva de uma pessoa ficam comprometidas, podendo afetar a execução de tarefas do dia a dia, a relação com amigos e familiares e, em casos mais graves, a vontade de viver.
Além dos sintomas citados, há outros sinais que devem ser levados em conta na hora de buscar um tratamento para depressão. Entre eles estão desesperança, pessimismo, irritabilidade e problemas físicos, como aumento ou diminuição de sono, de apetite e de libido; ganho ou perda de peso anormal; dores no corpo e de cabeça; alterações gastrointestinais e falta de concentração, atenção e memória.
Segundo, Luana Harada, psiquiatra do Hospital Santa Mônica “É importante diferenciar a tristeza da depressão de períodos de tristeza que ocorrem em algumas fases da vida, como por exemplo, durante o luto ou por fatores estressores de forma geral. Existe uma tristeza que pode ser normal, e a tristeza patológica. Na depressão, a tristeza tem duração de pelo menos duas semanas, está presente na maior parte do dia e permanece durante vários dias. Paralisa, e não gera reflexão. Pode tirar a perspectiva de futuro e a alegria de fazer coisas que a pessoa sentia prazer em realizar antes – é o que chamamos de anedonia. É como ficar preso dentro da sua própria angústia e não ter mais esperança de melhorar. A visão fica mais pessimista, o sentimento de culpa e inferioridade ficam mais intensos. Dentro de um estado de tristeza intensa e persistente, sem sentir prazer em viver, sem perspectiva de futuro e marcada desesperança, temos que ficar atentos ao risco de suicídio que um episódio depressivo pode gerar”.
O transtorno depressivo pode ser causado pela interação de diversos fatores biológicos, psicológicos e ambientais, ou ser um efeito secundário do uso de medicamentos indicados para curar outras doenças ou do abuso de drogas e bebidas alcoólicas, por exemplo, sendo necessário um diagnóstico diferenciado. Eventos traumáticos, baixa autoestima, histórico familiar da doença e vulnerabilidade social também são fatores de risco.
De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 350 milhões de pessoas de diferentes idades em todo o mundo sofrem com essa doença, no Brasil afeta aproximadamente 11,5 milhões de brasileiros. Apesar de ser mais comum entre as mulheres, a depressão masculina também é expressiva e deve ser cuidada com a mesma atenção.
Diante da importância desse tema, separamos algumas questões para explicar e sanar as principais dúvidas sobre o tratamento para depressão.
Quando procurar ajuda?
O diagnóstico precoce da depressão é um dos fatores que mais contribuem para o sucesso do tratamento e para o controle da doença. Existem casos em que os sintomas se confundem com os de outras enfermidades, por isso, é importante reconhecer que há algo errado e procurar ajuda de especialistas o mais rápido possível, principalmente quando o estado depressivo demora a passar e começa a refletir em outros aspectos da vida.
Ao fazer uma avaliação completa e detalhada, a equipe de profissionais conseguirá distinguir se os sintomas são patológicos, transitórios ou decorrentes de outros problemas médicos e neurológicos, indicando o tratamento mais adequado para o nível da doença, que pode ser leve, moderado ou grave.
Algumas pessoas têm receio em procurar um tratamento especializado, pois acreditam que ficarão isoladas e sofrerão preconceito. Em consequência disso, tentam curar a depressão de formas variadas, se automedicando ou recorrendo ao consumo de drogas ilícitas e álcool, o que pode levar à piora significativa da doença e até mesmo à dependência química.
Buscar informações sobre a doença, conhecer as opções de tratamento e receber orientação profissional são as melhores formas de reverter um quadro depressivo. Outra questão essencial em todo o processo é compartilhar os problemas e contar com o apoio de parentes e amigos próximos.
Por que tratar a depressão é importante?
A depressão é uma doença incapacitante, que prejudica diversas áreas da vida do paciente, inclusive profissional, amorosa e familiar. Um paciente com um episódio depressivo leve, por exemplo, pode ter dificuldade em realizar tarefas simples e diárias; quem apresenta um quadro moderado está mais propenso a abandonar o trabalho, as responsabilidades domésticas e as atividades sociais; já aquele que apresenta episódio depressivo grave pode ter crises profundas e pensamentos suicidas frequentes.
Quando diagnosticada corretamente, a depressão deve ser tratada de maneira séria e completa, com o objetivo de amenizar os sintomas, evitar a cronificação da doença, minimizar as recaídas e aumentar a qualidade de vida do paciente. Interromper o tratamento quando há alguma melhora logo no início pode levar a consequências negativas no futuro. Assim, seguir com as orientações pelo tempo determinado pelos profissionais é fundamental para o controle do transtorno.
Qual tratamento é o mais indicado?
O melhor tratamento para depressão é aquele elaborado de forma personalizada para atender às necessidades de cada paciente. Para isso, uma equipe multidisciplinar deve ser consultada a fim de analisar as especificidades dos sintomas, acompanhar os resultados e modificar as estratégias ao longo do tempo caso seja necessário.
Ainda que não sejam universais, alguns tratamentos são mais recomendados por sua eficácia comprovada. Confira abaixo:
Psicoterapia
Em alguns casos leves, a psicoterapia pode ser suficiente para controlar e melhorar os sintomas da depressão. Existem diferentes abordagens psicoterapêuticas, tais como a terapia ocupacional, a terapia em grupo, a psicanálise, a terapia cognitivo-comportamental, entre outras. O método escolhido pode variar de acordo com os sintomas, a personalidade do paciente e a confiança no terapeuta.
De modo geral, as psicoterapias auxiliam o paciente a se conhecer melhor e a identificar seus pensamentos e comportamentos negativos de forma a buscar novas formas de lidar com os conflitos e as relações interpessoais. Esse tipo de tratamento também é indicado para os episódios depressivos moderados e graves, mas normalmente é feito em conjunto com o uso de medicamentos.
Medicamentos
Há uma grande variedade de medicamentos indicados para o tratamento da depressão, que agem de maneiras diferentes no organismo para controlar a doença. Todos devem ser administrados sob orientação médica devido a possíveis efeitos colaterais e interação com outros remédios.
Os antidepressivos são os mais conhecidos e atuam diretamente no sistema nervoso, normalizando os fluxos de neurotransmissores como a serotonina, a noradrenalina e a dopamina. O tratamento para depressão também pode incluir ansiolíticos ? utilizados para diminuir a ansiedade – e antipsicóticos – indicados em casos de perturbações psicóticas.
“Os antidepressivos serão escolhidos de acordo com perfil de efeito colateral de cada medicação e discussão destes efeitos com o paciente; quais doenças clínicas (por ex. diabetes, hipertensão) e medicações em uso (uma vez que pode existir interação medicamentosa); o uso prévio de antidepressivo que paciente possa ter feito (prevendo a chance de resposta ou não à medicação escolhida)”, afirma Luana Harada.
A psiquiatra reforça “é importante frisar que o antidepressivo não tem melhora imediata, levando pelo menos 14 dias para iniciar o seu efeito, e também inicialmente pode piorar sintomas ansiosos – é uma informação que passo aos pacientes para não descontinuar o uso da medicação, caso os efeitos adversos sejam tolerados, e também há medicações usadas no início do tratamento que ajudam o desconforto no início do tratamento”. O uso da medicação tem que ser contínuo durante o tratamento, existem medicações que causam desconforto caso não sejam tomadas diariamente e também atrapalham a resposta terapêutica, podendo até piorar sintomas ansiosos e depressivos.
Mais informações sobre Depressão no site do Hospital Santa Mônica!