A resposta é: depende do seu comportamento! Há quem diga que esta é uma grande tendência, que vai gerar muitas oportunidades nos próximos anos. Isso porque as empresas, cada vez mais, estão reconhecendo e aderindo ao marketing de influência: a “divulgação” de produtos e serviços através de influenciadores, principalmente os chamados “influenciadores locais”, que possuem menos seguidores e forte relacionamento com os mesmos.

Este é um mercado novo para as empresas e influenciadores. E neste começo, quando o assunto é valorização do seu trabalho, a maioria dos influenciadores está cometendo erros gravíssimos! Um deles é o de mergulhar na “onda dos recebidos”, quando os influenciadores são presenteados pelas empresas e mostram os produtos no stories, por exemplo. Sendo mais claro: divulgam o produto de graça! E pior, eu já vi empresários dizendo que alguns influenciadores haviam comprado o produto, estavam criando stories como se tivessem sido presenteados e marcando a empresa, na tentativa de chamar a sua atenção.

Outra situação que eu presenciei foi a proposta feita por uma agência de viagens a uma artista, com mais de 130K seguidores no Instagram. Ela estava disposta a uma permuta, também muito comum entre os influenciadores! Agora pasmem com a proposta da agência: ela deveria comparar a sua passagem e produzir vídeos e posts durante a viagem, divulgando a agência. Em contrapartida, o que esta ação gerasse em vendas, o lucro seria repassado ao artista até completar o valor pago pela passagem.  Após este “teto”, a parceria seria encerrada e o lucro gerado ficaria com a empresa.

E para completar tem o ‘cupom desconto’, em que a o influenciador divulga o produto com um código que oferece vantagens aos seguidores e a cada quantidade vendida com este código, o influenciador recebe um produto da marca. Seria mais ou menos como um “consultor de vendas”, trabalhando para ser remunerado com produtos.

Estas práticas estão corretas? É claro que não! Por que o influenciador seria contratado pela marca se ele está fazendo “publicidade” gratuitamente? Ou recebendo pelo seu trabalho com produtos? Lembre-se, o influenciador é um produtor de conteúdo, que tem um relacionamento muito próximo com os seus seguidores, o que exige criatividade e muito trabalho. Mas, muito trabalho mesmo!

Por isso, se você quer ser valorizado e ganhar dinheiro como influenciador é importante que tenha a consciência de que é um “empreendedor digital”.  Isso mesmo, as marcas utilizam da sua capacidade de relacionamento e proximidade com os seus seguidores para prestar a elas um serviço de “publicidade”, que conquiste novos clientes e fidelize os já existentes.

Então, como um “empreendedor digital” que merece ser reconhecido e valorizado, você deverá adotar algumas estratégias, como:

  • Estruture um projeto com os seus objetivos, sua missão, seu foco, etc.;
  • Crie sua marca pessoal;
  • Seja autentico, não imite;
  • Defina um nicho especifico para atuar: moda, viagens, gastronomia, humor, etc. e mostre a sua expertise;
  • Produza conteúdos relevantes e originais;
  • Tenha um planejamento para as postagens;
  • Conquiste seguidores reais;
  • Trate seu seguidor como um amigo;
  • Analise muito bem as permutas, verifique se realmente são vantajosas;
  • Quando receber um “mimo”, entre em contato com a marca e pergunte se ela está interessada em seu “serviço de publicidade” e coloque-se a disposição para negociar valores;
  • Faça conteúdos somente com produtos e serviços que você realmente considere bons, afinal, você está indicando para os seus amigos;
  • Divulgue seu trabalho e faça parcerias com outros influenciadores;
  • Saiba precificar o seu trabalho;
  • Prepare-se para mudanças: as redes sociais são muito dinâmicas.

Isso é o mínimo a ser praticado para quem quer atuar e ganhar dinheiro neste mercado. A simples corrida pela fama ou para se transformar numa “web celebridade” não vai te levar a lugar nenhum. Você terá milhões apenas no número de seguidores e não na conta bancária. Como já mencionei, produzir conteúdo não é uma tarefa fácil. Por isso, mostre profissionalismo e valorize-se para ser remunerado pelo seu trabalho e não simplesmente ajudar as empresas a troco de sapatos, bolsas, cosméticos, brigadeiros, bananas e outras coisas mais.

*Rodrigo Mancini é economista, Mestre e Doutor em geografia econômica, empreendedor e empresário.

Comente