O fim de ano é um período, muitas vezes, destinado a um balanço anual, sobre aquilo que foi ou não realizado, e acarreta, inclusive, certa retrospectiva de tudo o que se passou. É também um momento em que há uma grande preocupação com os preparativos para o natal/ano novo, presentes, viagens e por aí vai; surgem compromissos e tarefas sem fim, principalmente quando o assunto é trabalho, onde as pendências se acumulam. As ruas ficam mais movimentadas e o trânsito, muitas vezes, ainda mais caótico. Tudo isso, apesar de parecer tão comum e normal, pode resultar em uma ansiedade intensa e até mesmo depressão.

“Algumas datas podem ser gatilhos para desencadear sintomas emocionais, que, em alguns casos, são difíceis de serem identificados no início. É preciso ficar atento a alguns sinais de alerta, que podem se desenvolver ou piorar perto de um evento social como as festas de final de ano. Na depressão, há falta de prazer em atividades antes consideradas agradáveis, sonolência, falta de apetite, pensamentos negativos. Já na ansiedade, a pessoa sente, principalmente, a respiração ofegante, tremores nas mãos, boca seca, náuseas, irritabilidade e tensão”, explica Myriam Albers, psicóloga da Clínica Maia.

Para evitar e/ou combater o problema, a especialista conta que, ao se sentir perdendo o controle, é importante encontrar um lugar tranquilo, na companhia de pessoas que despertem segurança. Exercícios de relaxamento e técnicas de respiração são essenciais. “Mas não deixe isso somente para a hora da crise. É preciso inserir esse tipo de ajuda no dia a dia, ao sinal de qualquer desconforto”, afirma.

Autocobrança excessiva, sentimento de fracasso, desesperança, dificuldades no relacionamento familiar e questões como luto, principalmente nesta época, podem ser um “veneno” para a saúde mental. Por isso, é essencial entender que nem sempre tudo sai como esperado, e tudo bem. Que são necessárias metas mais realistas, que o diálogo é vital, que há sim as más lembranças, mas também os bons momentos, e que esquecer um pouco os anseios alheios e olhar mais para si, para as próprias vontades, é extremamente necessário.

Procurar a ajuda profissional é fundamental, sobretudo, quando os sintomas citados se tornam mais intensos e frequentes, acompanhados, por exemplo, de angústia, sentimento de vazio, alimentação compulsiva, insônia, isolamento social e abuso de álcool e/ou drogas.

“Buscar o auxílio especializado pode aliviar esse sofrimento psíquico e direcionar as emoções para comportamentos mais saudáveis. O psicólogo é totalmente capacitado para ouvir, orientar e dar ao paciente as ferramentas emocionais necessárias para que ele viva com mais equilíbrio e tranquilidade, principalmente em períodos caóticos. Vale ressaltar que a depressão e o transtorno de ansiedade não escolhem idade, gênero, condição social e nem nível intelectual. São doenças que precisam de tratamento e apoio psicológico e psiquiátrico adequados. A nossa saúde mental deve vir sempre em primeiro lugar”, completa Myriam.

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