O ator Cássio Scapin, famoso por interpretar o Nino no Castelo Rá-Tim-Bum, cedeu uma entrevista para o GAY BLOG BR, portal de notícias voltado para o público LGBTQIA+. Ao ser questionado se em algum momento cansou de ser parado por fãs na rua para falar sobre o programa infantil da TV Cultura, Scapin respondeu:
“Sobre as pessoas que me viam na infância e hoje estão crescidas e tal… é… tem essa coisa mesmo, as pessoas falam “ah, você fez parte da minha infância”. Eu não me aborreço com isso porque ou você encara com bom humor ou não tenho jeito, porque você é o inusitado do encontro pra aquela pessoa, mas a tua vida faz parte da tua vida. Então você se irritar ou se aborrecer com isso é um pouco se aborrecer com o teu histórico, se aborrecer com a tua vida, com a construção do que você fez. Então eu acho que não me sinto nem no direito. Claro que é estranho, né, você muda de assunto, as coisas mudam de assunto, mas você tem que entender que você é o inusitado daquele momento na vida daquela pessoa quando ela te encontra. “Você fez parte da minha infância” e é a primeira vez que ela está te vendo em carne e osso, está te vendo ali e é natural. Você não, você dorme e acorda com a tua história, então você tem que ter esta compreensão. Mais uma vez eu acho que o teatro ajuda as pessoas para isso também, para elas terem um olhar mais generoso com o outro, com as outras pessoas e ter um entendimento melhor do comportamento do outro; então não me aborreço não”, disse ao portal.
Sobre como avalia a causa LGBT+ sob o governo de Bolsonaro, Cássio não poupou críticas e fez uma análise contundente: “Quando você tem uma política que ela é repressora de novos pensamentos, novos comportamentos, claro que este segmento LGBTQI+ nesse momento vai sofrer, como está sofrendo. É muito difícil você lidar com uma política que não admite outros padrões de comportamento a não ser os estabelecidos por eles mesmos, dentro de uma moralidade hipócrita, mentirosa, tacanha, de uma educação excludente, de uma formação onde você exclui várias minorias. Eu falo a gente tá tendo problema, não que não tivesse antes, mas a questão do racismo, acho que no Brasil se exacerbou. Se exacerbou também porque as comunidades começaram a se defender mais, com mais clareza, porque está tendo um ataque velado, está tendo um ataque autorizado. Então, o pior tá surgindo da gente nesse momento, não é o melhor. Quem sabe o pior tá vindo à tona para depurar no futuro, eu acredito pouco, eu ando bem pessimista neste momento. Tinha no começo da pandemia essa conversa de quê “ah, que bom paramos todos para pensar, o mundo precisava dessa parada”, não tô achando melhor, eu tô achando bem pior. As pessoas, as coisas vão voltar ao normal, tem um novo normal, o novo normal talvez seja uma piora de comportamento, as pessoas não estão mais humanizadas, elas estão se lixando para a quantidade de mortos no país, elas querem tocar a vida delas. Você vai dizer “ah, ok, é porque a população do Brasil é muito grande, então este percentual de mortos corresponde…” O caralho, né? É uma guerra, você tem uma contagem já de guerra. São vidas e as pessoas estão correndo pela raia de fora, parece que tudo tá normal e não tá, não está. Acho que existe também essa questão LGBTQI+, eu acho que existe sim uma tentativa de que as coisas voltem para as caixas, para os armários, para que o padrão da família estabelecida por uma parte estúpida da sociedade seja respeitado… preservado”, disse o ator.
Leia a entrevista completa neste link.
Cássio Scapin fala sobre política, haters, fase clubber e um programa infantil da TV Cultura