O Festival Internacional de Curtas-metragens de São Paulo (Curta Kinoforum) completa – e comemora – 30 anos ininterruptos de realização. Criado e dirigido por Zita Carvalhosa e organizado pela Associação Cultural Kinoforum, o evento acontece entre os dias 22 de agosto a 01 de setembro de 2019, com programação gratuita em diferentes salas de cinema da capital: Cinemateca Brasileira, CineSesc, Museu da Imagem e do Som – MIS, Espaço Itaú Augusta, Centro Cultural São Paulo – CCSP, Cine Olido, Cinusp, além dos CEU’s Perus, Caminho do Mar e Vila Atlântica.
Da película à realidade virtual, o Festival acompanha há três décadas as transformações no audiovisual e no mundo. “Quando começamos, o visionamento era feito a partir de fitas VHS que chegavam pelos Correios das mais diversas partes do mundo”, lembra Zita Carvalhosa. As mudanças não foram apenas tecnológicas. “A evolução garantiu uma maior representatividade, em frente e atrás das câmeras. Muito mais mulheres assinam a direção dos curtas, no Brasil e no mundo. Negros e indígenas também marcam cada vez mais presença neste universo, como realizadores e realizadoras, atores e atrizes, e em todas as equipes de produção”, afirma a diretora do Festival.
Com 324 filmes de 53 países, a programação do 30º Festival é dividida em quatro partes: as Mostras Principais Internacional, Latino-Americana, Programas Brasileiros, que revelam um panorama do cinema atual em todo o mundo, além da estreia da Mostra Limite; os Programas Imersivos, que são novidade desta edição; os Programas Especiais, com atrações já tradicionais do Festival, como a Mostra Infantojuvenil, além de atrações diferentes a cada ano; as Atividades Paralelas, que incluem debates e workshops, como o Curta & Mercado e os Kinoforum Labs.
MOSTRAS PRINCIPAIS
Pela primeira vez em seus 30 anos de história, o Festival tem uma Mostra Competitiva. Dedicada apenas a filmes brasileiros, ela reúne 14 títulos selecionados entre os inscritos desta edição, em uma pequena mostra da pluralidade de olhares do audiovisual brasileiro contemporâneo.
Entre eles, está Swinguerra, de Bárbara Wagner e Benjamim de Burca. Realizado pela Fundação Bienal de São Paulo para a representação do Brasil na 58ª Bienal de Veneza, o filme tem estreia nacional entre os dias 22 e 24 de agosto, no Festival de Curtas e na Bienal de São Paulo. A dupla de artistas, que estará em São Paulo durante o evento, também ganha a primeira retrospectiva de seus filmes (ver em Programas Especiais).
Outros participantes da competição são Kerexu, (Denis Rodriguez e Leonardo Remor, RS), a animação Não Moro Mais Aqui, primeiro filme de Laura de Araújo (PE); Em Reforma, de Diana Coelho (RN), e Sem Asas (Renata Martins, SP), com a atriz Grace Passô.
A Mostra Limite também é uma novidade da 30ª edição do Festival. Criando um diálogo entre curtas brasileiros e estrangeiros que experimentam novas linguagens e trazem narrativas ousadas, o título do programa é uma homenagem ao filme homônimo de Mário Peixoto, lançado no início dos anos 1930, que foi um verdadeiro divisor de águas na cinematografia brasileira.
São 21 títulos, separados em três programas. Em O Movimento das Coisas, corpos, formas e espaços redefinem fluxos e deslocamentos, construindo experiências visuais. Entre os selecionados, está Zumbis (Baloji), do Congo, que interroga a relação quase carnal que temos com os celulares. Iconoclastas traz filmes que revisitam e ressignificam símbolos, rompendo com conceitos e tradições, como o brasileiro Revolver (Frederico Benevides e Tadeu Capristano), com pensamentos inéditos do filósofo George Didi-Huberman. Já Poéticas do Comum é um exercício do olhar sobre o cotidiano, revelando impressões particulares sobre um imaginário latente.
A Mostra Internacional reúne 61 filmes. Além de curtas de nações de forte tradição audiovisual, como França, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos, há produções vindas de países como Cingapura, Lituânia e Quênia, o que permite que o público faça uma viagem ao redor do mundo ao entrar em qualquer sessão.
A seleção contempla títulos premiados nos mais importantes festivais do mundo, como o norte-americando Pele (Guy Nattiv), vencedor do Oscar, que trata de tempos de violência e oposições, o grego A Distância Entre Nós e o Céu (Vasilis Kekatos), ganhador da Palma de Ouro em Cannes, que conta uma história de amor inesperada, e o alemão Umbra (Johannes Krell e Florian Fischer), que conquistou o Urso de Ouro em Berlim com seu experimentalismo formal, demonstrando que o formato curta é antes de tudo um espaço de liberdade artística.
O programa também abre espaço para novos talentos. Da Tunísia, País do Avesso, sobre um africano que tenta chegar de barco à Europa, é o primeiro filme de Mehdi Hnana, assim como o indiano Uma Brisa em seus Cabelos, da estreante Shazia Iqbal, que retrata uma liberal estudante de arquitetura que recebe uma bolsa de estudos de um fundo conservador muçulmano.
Outros destaques são o francês Rã de Cristal (Slony Sow), com Gérard Depardieu no elenco, e Blue, novo filme do celebrado diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul, autor de cerca de 50 filmes (mais de 40 são curtas-metragens) e ganhador da Palma de Ouro em Cannes em 2010, com Tio Boonme, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas.
Com 24 curtas e variedade de temas e experimentações, a Mostra Latino-americana oferece uma janela preciosa da cultura do continente ao público brasileiro.
A seleção investiga as diferentes relações entre povos, costumes, lugares e identidades. Em Paraíso Falsificado (Wei Shen), do Peru, um turista ocidental fica confuso ao visitar uma família indígena na floresta amazônica, já Yun (Mauricio Corco), do Chile, gira em torno de uma adolescente de origem coreana em uma batalha silenciosa com seu pai tradicionalista.
O programa também destaca obras com protagonismo feminino, como Lucía no Limbo (Valentina Maurel), produção belgo-costarriquenha que participou da Semana da Crítica de Cannes, e o colombiano Elena (Jesus Reyes), uma corajosa ficção sobre ser mãe em meio a um ambiente de guerra, competidor em Clermont-Ferrand. Já em Kalunga, a realizadora moçambicana Lara Sousa mostra como reencontrou a África em sua vivência em Cuba.
Incluindo a nova Mostra Competitiva, os Programas Brasileiros reúnem 117 filmes.
A Mostra Brasil tem 41 curtas, que representam a produção cinematográfica de todas as regiões do país e mostram a força narrativa que o formato possibilita. Os filmes abordam o tempo presente e a vida cotidiana a partir de uma reflexão sobre a história, o cinema e as formas de narrar.
Mãe não chora, da dupla Carol Rodrigues e Vaneza Oliveira (SP), atriz da série 3%, retrata uma funcionária de uma vara da família que precisa levar o filho ao trabalho porque não consegue deixá-lo com o pai. Em Tea for Two (Julia Katharine, SP), uma cineasta de meia idade é surpreendida por um encontro romântico.
Amnestia, novo filme de Susanna Lira (RJ), aborda vítimas da ditadura militar e tem narração de Paulo Abrão, ex-Secretário Nacional de Justiça. Já Imaginarium, dirigido pelo cineasta Cristiano Burlan (SP), constrói uma paisagem de sons e imagens do passado que dialogam com o presente.
Compõem ainda os Programas Brasileiros o programa Cinema em Curso, com 18 curtas realizados em escolas de audiovisual de oito estados brasileiros, Oficinas de Audiovisual, com 44 produções de várias partes do Brasil, além do Oficinas Kinoforum. Em 2019, as Oficinas Kinoforum de Realização Audiovisual completam 18 anos e apresentam uma coletânea de 26 títulos que que pontuam a diversidade de novos olhares de comunidades de São Paulo.
PROGRAMAS IMERSIVOS
Celebrando seu 30º aniversário, o Festival Internacional de Curtas-metragens de São Paulo terá como sede a Cinemateca Brasileira, que será palco dos novos Programas Imersivos, destacando janelas audiovisuais além dos limites da tela, com mostras de 3D, realidade virtual (VR) e até games.
Neles, estão os Documentários Imersivos de Tadeu Jungle. São três obras do videomaker sobre temas urgentes da realidade brasileira, produzidas em 360º, exclusivamente para serem visualizadas com os óculos VR (Headsets VR). Uma parceria com o Festival Courant3D e a Unifrance apresenta uma seleção de curtas franceses em 3D para todos os públicos e outra com o melhor o VR do mesmo país. Também é destaque a minimostra Do Curta ao Game, com curadoria de Marina Pecoraro e Arthur Protasio, que selecionaram quatro jogos de realidade virtual feitos no Brasil.
PROGRAMAS ESPECIAIS
Entre as mostras especiais de 2019 está Experimenta – Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, a primeira retrospectiva de filmes da dupla de multiartistas. Entre realidade e ficção, sua obra audiovisual estabelece pontes entre diversas cenas da indústria musical, passando pelo frevo pernambucano, o rap de Toronto e até a música evangélica brasileira.
O programa Jorge Furtado homenageia os 30 anos de lançamento de Ilha das Flores, considerado o melhor curta-metragem da cinematografia brasileira pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Outros curtas do diretor gaúcho, datados de 1986 a 2011, completam a mostra.
Coreia em Foco marca o 60º aniversário de relações diplomáticas entre Brasil e Coreia com dois programas apresentados em parceria com o Centro Cultural Coreano. No primeiro, estão três curtas, realizados entre 1994 e 2004 por Bong Joon-Ho, diretor de longas-metragens como Parasita (2019), vencedor da Palma de Ouro em Cannes, Okja (2017) e Expresso do Amanhã (2013). O segundo programa exibe curtas contemporâneos premiados no Festival Internacional de Curtas-metragens de Busan.
A mostra Wapikoni: Línguas e Tradições Nativas celebra o Ano Internacional das Línguas Indígenas, promovido pelas Nações Unidas, com 15 curtas canadenses voltados para a juventude dos povos nativos do país e produzidos com celular pela associação Wapikoni Mobile.
A Mostra Infantojuvenil, que já integra o calendário do Festival há 15 edições, tem classificação livre e é dividida por faixas etárias. Os dois Programas Infantis, indicados para maiores de seis anos, unem filmes brasileiros a produções internacionais. O nacional Véu de Amani (Renata Diniz) tem como personagem uma garotinha paquistanesa mulçumana que vem morar no Brasil e ganha um biquíni de uma nova amiga. Já a animação inglesa Opostos Polares (Diana Wey) mostra um pinguim mal-humorado que precisa proteger seu iceberg de um urso polar amistoso. Três curtas selecionados foram realizados por crianças da ONG Novos Sonhos durante oficina audiovisual organizada pela Kinoforum.
Indicado para maiores de 10 anos, o Programa Juvenil reúne quatro produções brasileiras que abordam questões atuais e importantes para essa faixa etária, como Pulo (Luiza Perocco Pasetti e Ana Schilling). A protagonista, Alice, curte as férias de verão brincando com os amigos e jogando futebol, mas ela guarda um segredo, que fica cada vez mais difícil de guardar após a inauguração da piscina do condomínio.
A Mostra Infantojuvenil traz também atividades gratuitas para crianças e jovens após as sessões na Cinemateca Brasileira. No dia 24 de agosto (sábado), às 16h, a Oficina Infantil Espaço Multissensorial propõe brincadeiras que exploram as percepções sensoriais utilizando jogos, equipamentos, câmeras e microfones. No dia 25 (domingo), às 16h, Cinema de Animação convida as crianças a gravarem e atuarem em cenas produzidas com técnicas de animação e diversos cenários, incluindo a criação de personagens com figurino e maquiagem.
Entre as mostras especiais de 2019 está Experimenta – Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, a primeira retrospectiva de filmes da dupla de multiartistas. Entre realidade e ficção, sua obra audiovisual estabelece pontes entre diversas cenas da indústria musical, passando pelo frevo pernambucano, o rap de Toronto e até a música evangélica brasileira.
O programa Jorge Furtado homenageia os 30 anos de lançamento de Ilha das Flores, considerado o melhor curta-metragem da cinematografia brasileira pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Outros curtas do diretor gaúcho, datados de 1986 a 2011, completam a mostra.
Coreia em Foco marca o 60º aniversário de relações diplomáticas entre Brasil e Coreia com dois programas apresentados em parceria com o Centro Cultural Coreano. No primeiro, estão três curtas, realizados entre 1994 e 2004 por Bong Joon-Ho, diretor de longas-metragens como Parasita (2019), vencedor da Palma de Ouro em Cannes, Okja (2017) e Expresso do Amanhã (2013). O segundo programa exibe curtas contemporâneos premiados no Festival Internacional de Curtas-metragens de Busan.
A mostra Wapikoni: Línguas e Tradições Nativas celebra o Ano Internacional das Línguas Indígenas, promovido pelas Nações Unidas, com 15 curtas canadenses voltados para a juventude dos povos nativos do país e produzidos com celular pela associação Wapikoni Mobile.
A Mostra Infantojuvenil, que já integra o calendário do Festival há 15 edições, tem classificação livre e é dividida por faixas etárias. Os dois Programas Infantis, indicados para maiores de seis anos, unem filmes brasileiros a produções internacionais. O nacional Véu de Amani (Renata Diniz) tem como personagem uma garotinha paquistanesa mulçumana que vem morar no Brasil e ganha um biquíni de uma nova amiga. Já a animação inglesa Opostos Polares (Diana Wey) mostra um pinguim mal-humorado que precisa proteger seu iceberg de um urso polar amistoso. Três curtas selecionados foram realizados por crianças da ONG Novos Sonhos durante oficina audiovisual organizada pela Kinoforum.
Indicado para maiores de 10 anos, o Programa Juvenil reúne quatro produções brasileiras que abordam questões atuais e importantes para essa faixa etária, como Pulo (Luiza Perocco Pasetti e Ana Schilling). A protagonista, Alice, curte as férias de verão brincando com os amigos e jogando futebol, mas ela guarda um segredo, que fica cada vez mais difícil de guardar após a inauguração da piscina do condomínio.
A Mostra Infantojuvenil traz também atividades gratuitas para crianças e jovens após as sessões na Cinemateca Brasileira. No dia 24 de agosto (sábado), às 16h, a Oficina Infantil Espaço Multissensorial propõe brincadeiras que exploram as percepções sensoriais utilizando jogos, equipamentos, câmeras e microfones. No dia 25 (domingo), às 16h, Cinema de Animação convida as crianças a gravarem e atuarem em cenas produzidas com técnicas de animação e diversos cenários, incluindo a criação de personagens com figurino e maquiagem.
ATIVIDADES PARALELAS
Em 2019, a programação na Cinemateca Brasileira inclui masterclasses com alguns dos convidados dos Festival. No dia 22 de agosto (quinta), às 20h, o diretor Jorge Furtado conversa com a plateia sobre Ilha das Flores, o formato curta e sua ampla experiência de difusão no Brasil e no mundo. No dia 23 (sexta), às 20h, Bárbara Wagner e Benjamin de Burca falam sobre audiovisual multidisciplinar. No dia 24 (sábado), às 14h, o videomaker Tadeu Jungle aborda as novas tecnologias imersivas e sua aplicação em obras documentais.
No dia 25 (domingo), às 11h, Zita Carvalhosa media debate sobre difusão em festivais, que terá a participação dos curadores internacionais Calmin Borel (Clermont-Ferrand), Juhani Alanen (Tampere), Herbert Schwarze (Oberhausen), Karen Black (Santa Maria da Feira) e Sanghoong Lee (Busan).
O Curta & Mercado – Encontro de Profissionais sobre a Comercialização de Conteúdos Audiovisuais de Curta Duração volta a reunir convidados nacionais e estrangeiros para discutir a viabilidade comercial do audiovisual em curta-metragem e promover rodadas de negócios entre agentes, realizadores e players que exibem e licenciam curtas-metragens, como Arte 1, Canal Brasil, Sesc TV e O2 Play.
Outro destaque, os Kinoforum Labs são laboratórios para projetos audiovisuais. A participação acontece mediante inscrições prévias – já realizadas. O Curta Projetos visa o desenvolvimento de projetos audiovisuais de curta-metragem de ficção. Já o Do Curta ao Longa é um laboratório de desenvolvimento de projetos dos primeiros longas-metragens idealizados por realizadores de curtas selecionados para esta edição do Festival, dando enfoque em diretoras mulheres. Participam profissionais atuantes no mercado, como a realizadora Carla Gallo, a produtora cultural Minom Pinho, a agente de vendas internacionais Barbara Sturm e a diretora Lívia Perez.
30º FESTIVAL INTERNACIONAL DE CURTAS-METRAGENS DE SÃO PAULO – CURTA KINOFORUM
Programação: 22 de agosto a 01 de setembro de 2019 – Entrada gratuita
Locais: Cinemateca Brasileira, CineSesc, Museu da Imagem e do Som – MIS, Espaço Itaú Augusta, Centro Cultural São Paulo – CCSP, Cine Olido, Cinusp e CEU’s Perus, Caminho do Mar e Vila Atlântica
Patrocínio: Sabesp (via Lei de Incentivo à Cultura – Ministério da Cidadania – Secretaria Especial da Cultura), Ericsson (via ProAC ICMS – Secretaria de Cultura e Economia Criativa – Governo do Estado de São Paulo), SPCine, Prefeitura da cidade de São Paulo, BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul), FSA (Fundo Setorial do Audiovisual), SAV (Secretaria do Audiovisual) e Ancine.
Realização: Kinoforum, Superfilmes, SESC, Cinemateca Brasileira, Museu da Imagem e do Som – MIS.
Informações: www.kinoforum.org/curtas / www.facebook.com/kinoforum