Na manhã da última sexta-feira (22/10), a Regional Sorocaba do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) promoveu uma palestra on-line alusiva à Campanha Outubro Rosa ministrada pelo médico radio-oncologista Dr. Ricardo Ferrari, com o tema “Conheça bem seu corpo, a prevenção salva”. O evento, que reuniu cerca de 60 pessoas, foi realizado em parceria com a Liga Sorocabana de Combate ao Câncer, a Nucleon Radioterapia, a Associação Comercial de Sorocaba por meio do Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC), o Seconci-SP e a Verbo Comunicação.

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Para o diretor titular do CIESP Sorocaba, Erly Domingues de Syllos, abordar o tema neste momento pós pandemia é ainda mais importante. “Embora as mulheres sejam muito mais conscientizadas que os homens, nunca é demais alertar. Nossa cidade está bem em termos de equipamentos, mas lamentavelmente temos ainda uma fila no SUS. Esperamos que esse aparelhamento do Estado que teve que ser feito para a pandemia fique como um legado para a saúde”, disse.

Já a presidente da Liga Sorocabana de Combate ao Câncer, Márcia Rodrigues, destacou a oportunidade da divulgação da causa. “Com a pandemia estamos sofrendo as consequências do aumento da incidência do câncer de mama, mas estamos trabalhando para conscientizar as pessoas para fazer os exames preventivos, visando reverter essa situação o quanto antes.”

Em sua palestra, Dr. Ferrari destacou que o principal objetivo da Campanha Outubro Rosa é a prevenção. “É importante que a mulher conheça muito bem o seu corpo, pois isso é crucial para que a doença seja descoberta precocemente e a paciente tenha um tratamento mais tranquilo possível”, observou.

O médico radio-oncologista explicou que cada caso é único e o tratamento deve ser individualizado. “O câncer de mama é o mais comum depois do câncer de pele. Existem vários tipos de tumores com comportamentos e tratamentos diferentes. Além disso, o câncer de mama não é uma doença exclusiva da mulher. Apesar de raros, apenas 1% dos casos, a doença pode acometer também os homens. Por isso, o autocuidado é primordial, independente de gênero”, ressaltou.

Fatores de risco

Entre os fatores de risco, Dr. Ferrari destacou os comportamentais, que estão relacionados ao estilo de vida. “A obesidade e o sobrepeso entram como fator de risco porque a gordura abdominal produz hormônio, podendo estimular o desenvolvimento de um câncer de mama. A prática de atividade física regular e uma alimentação saudável são extremamente importantes para a manutenção da saúde. Já o consumo de bebida alcóolica e o tabagismo são fatores de risco não somente para o câncer de mama, mas para diversas outras doenças e outros tipos de cânceres”, disse.

O médico alertou também para a exposição excessiva à radiação ionizante. “Esse tipo de radiação consegue causar mutações em nosso material genético e isso pode gerar uma proliferação descontrolada de tecido e gerar um tumor. É recomendável não se expor à exames de RX, mamografias e tomografia desnecessariamente.”

A exposição prolongada a níveis mais altos de hormônio também aumenta o risco de a mulher ter câncer de mama. “Alguns fatores relacionados às questões hormonais também podem influenciar, tais como: primeira menstruação antes dos 12 anos, não ter tido filhos, primeira gravidez após os 30 anos, não ter amamentado, menopausa após os 55 anos, uso por tempo prolongado de pílulas anticoncepcionais e terapia de reposição hormonal por mais de 5 anos”, explicou.

Dr. Ferrari observou que o histórico familiar é outro fator que deve ser levado em consideração. Porém, apenas 5 a 10% dos casos da doença estão relacionados às alterações genéticas. “Temos um caso famoso da atriz Angelina Jolie que fez uma mastectomia bilateral porque a mãe teve câncer de mama e ela descobriu tinha uma alteração no gene BRCA1. Essa alteração muda o risco de a pessoa ter câncer de mama para mais de 80 %, além de aumentar para mais de 50% o risco de ter câncer de ovário. Mas, é muito importante frisar que a presença de um ou mais desses fatores de risco não significa que a mulher terá, necessariamente, câncer de mama”, elucidou.

Sinais e sintomas

O médico apontou também os sinais que precisam ser observados quando a mulher se olha no espelho ou faz o autoexame. “Algumas alterações são características e devem ser investigadas pelo médico, tais como: área espessa ou áspera na pele da mama; uma reentrância na mama; crostas nos mamilos; vermelhidão ou calor, que pode ser provocado por uma inflamação na mama, mas que se não tiver uma causa pode ser sinal de câncer; secreção inesperada; feridas na pele; saliências, veias salientes, mamilos invertidos, alteração no formato ou tamanho, pele com aspecto de casca de laranja e nódulo duro que não desaparece com o ciclo menstrual”, ressaltou.

Segundo Dr. Ferrari, a mamografia é o exame de rastreio recomendado pelo Ministério de Saúde capaz de identificar alterações suspeitas. “O Ministério da Saúde recomenda que mulheres entre 50 e 69 anos façam a mamografia a cada dois anos. Porém, o acesso à investigação diagnóstica de alterações suspeitas da mama, de modo ágil e com qualidade, é um direito da mulher”, observou.

Encerrando a palestra, o radio-oncologista apontou os diferentes tratamentos para o câncer de mama, que são: cirurgia, radioterapia, quimioterapia e terapia hormonal. “A cirurgia está cada vez mais conservadora da mama e a radioterapia é um tratamento complementar para as mulheres que fazem a cirurgia que também está evoluindo para um número cada vez menos de sessões. A quimioterapia nem sempre tem indicação, isso vai depender de cada caso e da avaliação do médico oncologista”, concluiu.

Sobre o palestrante

Dr. Ricardo Ferrari tem 30 anos e é natural de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. É formado pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e fez residência médica em Radioterapia pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é médico radio-oncologista, responsável por tratamento radioterápico da Nucleon Radioterapia e da Santa Casa de Sorocaba. Atua também na Clínica de Radio-oncologia de São Paulo, no Hospital Santa Rita, na capital.

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