O youtuber Felipe Neto publicou em seu Instagram a foto do troféu que recebeu da prêmiação Poc Awards 2019 e fez um importante discurso sobre sua desconstrução pessoal e da luta que assumiu pelos direitos LGBTQIA+.

O Poc Awards é a maior premiação da comunidade gay no Brasil e é promovida pelo grupo Gay Blog Br. Alguns indicados ao prêmio são heterossexuais que de alguma maneira influenciaram ou defenderam a comunidade LGBT+. Os resultados saem sempre aos dias 24 de dezembro.

Felipe Neto venceu na categoria “Ativo 19 – Iniciativa do ano” pela votação popular em virtude de sua contribuição durante a Bienal do Livro em 2019. Na ocasião, Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro, tentou censurar a publicação “Vingadores – A Cruzada das Crianças” que apresentava uma página com beijo entre dois personagens homens. Em resposta, Felipe Neto comprou todos os livros com temática LGBTQI+ da Bienal do Livro e os distribuiu gratuitamente envolvido por um plástico preto com os dizeres: “Esse livro é impróprio para pessoas atrasadas, retrógradas e preconceituosas”.

Confira o discurso emocionante que Felipe Neto fez para seus 12 milhões de seguidores no Instagram:

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Se alguém falasse para o Felipe Neto de 20 anos de idade que, aos 32, ele receberia um prêmio do grupo @GayBlogBR pela “Iniciativa do Ano”, ele provavelmente ficaria confuso. Não é fácil se desprender de conceitos homofóbicos enraizados desde a infância, mas sem dúvida é muito mais fácil do que ser a vítima desse preconceito. Há anos eu tracei o objetivo de tentar evoluir todos os dias para incluir a diversidade e tentar dar voz aos que são constantemente silenciados por um sistema elitista e controlado por homens brancos heterossexuais. Nós costumamos pensar que a luta pelos direitos LGBTQI+, a luta pelos direitos dos negros, das mulheres e de outras minorias, é uma pauta apenas DELES e que nós não temos nada a ver com isso. Sim, a luta é deles, mas não foram eles que se colocaram na condição de vítimas. Fomos nós que marginalizamos, excluímos e dominamos as minorias, para assim controlarmos o protagonismo do mundo. E enquanto nós, homens brancos cisgêneros, não entendermos que somos nós que devemos mudar, o mundo continuará um lugar injusto e opressor. Então, se a mudança depende também de nós, quando sentamos na janelinha e observamos toda a desigualdade e desespero de pessoas oprimidas enquanto tomamos nosso chá e apenas falamos “eu respeito gays”, nós continuamos sendo parte do problema. Não adianta só respeitar, é preciso agir, é preciso questionar nossos amigos, combater a piadinha institucionalizada, ser um agente de mudança e não apenas um ser humano que faz o mínimo. Eu me comprometo a continuar tentando fazer a minha parte, com erros e acertos, e convido a todos os que estão em posição de privilégio a tentarem fazer o mesmo. Muito obrigado ao @GayBlogBR pelo reconhecimento em saber que estou no caminho certo, esse prêmio serviu para mostrar o quão importante foi a ação na Bienal e o quanto nós podemos ajudar nessa luta daqui da posição do privilégio. E por falar nisso, por favor, vamos dar voz aos incríveis criadores de conteúdo e que fazem parte da comunidade LGBTQI+! Aqui estão alguns que eu recomendo a vocês seguirem: @gayblogbr @poenaroda @hmcpedro @divadepressao @sapatour @canaldasbee @mandycandyreal @temperodrag @lucca.najar @canalapto202

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“Se alguém falasse para o Felipe Neto de 20 anos de idade que, aos 32, ele receberia um prêmio do grupo @GayBlogBR pela “Iniciativa do Ano”, ele provavelmente ficaria confuso. Não é fácil se desprender de conceitos homofóbicos enraizados desde a infância, mas sem dúvida é muito mais fácil do que ser a vítima desse preconceito. Há anos eu tracei o objetivo de tentar evoluir todos os dias para incluir a diversidade e tentar dar voz aos que são constantemente silenciados por um sistema elitista e controlado por homens brancos heterossexuais. Nós costumamos pensar que a luta pelos direitos LGBTQI+, a luta pelos direitos dos negros, das mulheres e de outras minorias, é uma pauta apenas DELES e que nós não temos nada a ver com isso. Sim, a luta é deles, mas não foram eles que se colocaram na condição de vítimas. Fomos nós que marginalizamos, excluímos e dominamos as minorias, para assim controlarmos o protagonismo do mundo. E enquanto nós, homens brancos cisgêneros, não entendermos que somos nós que devemos mudar, o mundo continuará um lugar injusto e opressor. Então, se a mudança depende também de nós, quando sentamos na janelinha e observamos toda a desigualdade e desespero de pessoas oprimidas enquanto tomamos nosso chá e apenas falamos “eu respeito gays”, nós continuamos sendo parte do problema. Não adianta só respeitar, é preciso agir, é preciso questionar nossos amigos, combater a piadinha institucionalizada, ser um agente de mudança e não apenas um ser humano que faz o mínimo. Eu me comprometo a continuar tentando fazer a minha parte, com erros e acertos, e convido a todos os que estão em posição de privilégio a tentarem fazer o mesmo. Muito obrigado ao @GayBlogBR pelo reconhecimento em saber que estou no caminho certo, esse prêmio serviu para mostrar o quão importante foi a ação na Bienal e o quanto nós podemos ajudar nessa luta daqui da posição do privilégio. E por falar nisso, por favor, vamos dar voz aos incríveis criadores de conteúdo e que fazem parte da comunidade LGBTQI+!”

Felipe Neto
Youtube/Reprodução

POC AWARDS

Poc Awards é a premiação que elege anualmente os destaques na comunidade LGBT da músicacinemapolíticaativismo e personalidades. Ao todo são 24 categorias disponíveis para votação do público e do júri técnico do Gay Blog Br, fundado por Vinícius Yamada. Alguns indicados ao prêmio são heterossexuais que de alguma maneira influenciaram ou defenderam a comunidade LGBT. Os resultados saem sempre aos dias 24 de dezembro.

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