O Padre Júlio Lancelotti, pároco da paróquia de São Miguel Arcanjo no bairro da Mooca, na cidade de São Paulo, foi eleito pelo voto popular entre LGBTs como “Influencer do Ano”, categoria do Poc Awards 2020 que tinha até mesmo o ex-colírio da Capricho Federico Devito.

Padre Julio Lancellotti com o troféu Poc Awards - Foto: Henrique de Campos
Padre Julio Lancellotti com o troféu Poc Awards – Foto: Henrique de Campos

Durante a missa “4º Domingo do Tempo Comum”, o padre Júlio separou alguns minutos para falar sobre sua premiação: “E também queria agradecer ao GAY BLOG BR que me deu esse presente, esse prêmio de influencer do ano de 2020 pelo voto popular. É um site voltado para o público gay que me mandou esse presente. Gostaria de agradecer a eles e dizer que sempre lutarei contra a homofobia, contra a transfobia, contra todo preconceito e contra toda discriminação. Todas as pessoas, homens e mulheres do grupo LGBTQIA+ são nossos irmãos e irmãs. São dignos de respeito e consideração. Então, com orgulho e alegria eu mostro isso que eles me mandaram, esse trofeuzinho bonito de ‘Influencer do Ano 2020’ pelo voto popular. Agradeço muito e peço a Deus que construamos uma sociedade livre de todo preconceito, de toda discriminação. Homofobia nunca mais. Transfobia nunca mais. Que todos sejam respeitados e que a identidade de gênero seja respeitada, acolhida e protegida. Sem crueldade, sem essa violência estrutural… o machismo, a misoginia e a homofobia, que também destrói, mata e fere”.

Assista ao trecho:

BIOGRAFIA 

Segundo dos três filhos do casal Milton Fagundes Lancellotti e Wilma Ferrari, descendentes de imigrantes italianos, Júlio nasceu no hospital São José do Brás. Seu pai era comerciante e possuía uma mercearia. A mãe, quando solteira, operou como secretária em escritórios de advocacia e em algumas empresas; ao casar-se, por imposição dos costumes da época, abandonou sua carreira para se dedicar ao lar. Tornou-se cozinheira e passou a servir refeições em sua casa para contribuir com o sustento da família. Culta, era fluente em espanhol e tinha o hábito da leitura; ensinou aos filhos as primeiras letras.

Júlio iniciou sua educação formal no Educandário Espírito Santo, mantido pelas Missionárias Servas do Espírito Santo, no Tatuapé. Aos doze anos, entrou para o seminário em Araraquara, mas, incomodado com a rigidez da instituição, retornou para São Paulo, onde terminou o ginásio numa escola de presbíteros agostinianos. Decidiu mais uma vez se preparar para a carreira religiosa, chegou a ser frade, mas, aos dezenove anos, largou a batina novamente. Nesse ínterim, concluiu um curso de auxiliar de enfermagem na Santa Casa de Misericórdia de Bragança Paulista e passou a exercer a profissão. Ingressou depois nas Faculdades Oswaldo Cruz e concluiu o curso de Pedagogia. Em seguida, fez especialização em Orientação Educacional na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde atuou como professor-assistente do professor Carlos Alberto Andreucci, além de ministrar aulas nas faculdades Oswaldo Cruz, Castro Alves, Piratininga e no Instituto Nossa Senhora Auxiliadora, sendo neste último, voltado para preparação para o magistério. Lancellotti também trabalhou no Serviço Social de Menores, que, mais tarde, se transformou na Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, e no Centro de Apoio ao Imigrante, no Brás, dando aulas para crianças com dificuldade de aprendizado.

Em 1980, conheceu Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, então bispo-auxiliar de São Paulo, e ficaram muito próximos. Juntos, fizeram toda a fundamentação da Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo. Um ano depois, começou a estudar Teologia e foi ordenado sacerdote em 20 de abril de 1985.

Participou com Dom Luciano Mendes de toda a fundamentação da Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo. Participou dos grupos de fundação da Pastoral da Criança e colaborou na formulação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Atua junto a menores infratores, detentos em liberdade assistida, pacientes com HIV/Aids e populações de baixa renda e em situação de rua. Acredita na pessoa humana acima de tudo, “como imagem e semelhança de Deus” e considera que todos os cidadãos que devem ter seus direitos respeitados.

Em 26 de julho de 1991, fundou a “Casa Vida I” e, posteriormente, a “Casa Vida II”, para acolher crianças portadoras do vírus HIV. Como vigário episcopal do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, está à frente de vários projetos municipais de atendimento à população carente, como é o programa “A Gente na Rua”, formado por agentes comunitários de saúde, ex-moradores de rua.

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